quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dragonologia



Dragões Marinhos - Os Senhores das Profundezas


"No fundo dos lagos, rios e oceanos vagueiam os Dragões Marinhos, misteriosos monstros serpentiformes. Violência, Sedução ou Magia, tudo vale para atrair as suas presas até às profundidades geladas onde habitam."

Menos comuns nas lendas e no imaginário colectivo que os seus parentes terrestres, os dragões marinhos costumam ser descritos como serpentes enormes com a pele azul, verde ou prateada, que lhes permite camuflarem-se no seu meio natural.


Inundações

Não é fácil viver perto de um lago ou de um rio onde se tenha instalado um dragão marinho. Os movimentos do seu corpo sinuoso provocam cheias e inundações, e alguns não hesitam em deixar o seu refúgio submarino para capturarem jovens imprudentes, que levam para as profundezas a fim de os devorarem...
Só os jovens virgens de ambos os sexos estão em perigo, pois o dragão marinho não gosta de enfrentar alguém que considera "impuro".




Monstro cruel ou Poeta inspirado?

Diz-se que em Beaucaire, na região francesa da Provença, um terrível dragão marinho simplesmente chamado "Drac" habitava o rio Ródano. Este mosntro, invisível para os humanos, alimentava-se de jovens que atraía para o fundo do rio fazendo brilhar ouro e pedras preciosas à superfície. Um dia levou uma lavadeira e reteve-a ai seu serviço durante sete anos. Porém, alguns anos depois de ser libertada, quando descobriu o dragão a deambular pela aldeia, este compreendeu que a mulher tinha adquirido a capacidade de o ver e arrancou-lhe os olhos.
No entanto, o dragão marinho também é capaz de amar: se ficar fascinado por uma jovem capturada, fará dela sua esposa e mantê-la-á junto de si até ao final dos seus dias, dedicando-lhe poesias e canções que tanto gosta de compor.



Dragões e Tesouros - Uma paixão milenar

"Nada desperta mais a cobiça dos dragões que o ouro e as pedras preciosas. Estas criaturas não recuam perante nada para protegerem os tesouros que reuniram. Ai de quem tente roubá-los!"

Desde sompre se atribuiu aos dragões uma paixão desmedida pelo ouro, as pedras e todas as matérias preciosas. Já na Antiguidade, os seus estudiosos eram unânimes quando a esta inclinação. Assim, no século III o sofista ateniense Flávio Filostrato escreveu em Imagens: "O dragão tem uma grande afeição pelo ouro e tudo o que seja dourado, ama-o com paixão e cobre-o com seu corpo."


Uma armadura preciosa

Os dragões costumam viver nas profundezas de uma gruta natural, suficientemente grande para se poderem mexer mas demasiado estreita para que os seus inimigos se possam esconder nela. Aí amontoam as suas riquezas, sobre as quais gostam de se recostar. Com o tempo, as pedras preciosas e o ouro colam-se à pele do seu ventre, a única zona macia da sua couraça, e constituem assim uma armadura protectora.


Saques, pilhagens e ameaças

A avareza dos dragões não tem limites e nunca se fartam de riquezas. Embora sejam bons conhecedores de objectos preciosos, não têm qualquer entusiasmo pelo seu fabrico, preferindo dedicar-se a actividades intelectuais por as considerarem mais nobres. Também nunca serão vistos a extrair ouro do fundo das montanhas onde vivem. Deste modo, acumulam os seus saques através dos métodos mais insidiosos - roubos, pilhagens, ameaças - ou, no melhor dos casos, trocas e intercâmbios, sempre tendo em conta o seu próprio benefício.



Descida às profundezas

Qual é a origem da cobiça desmesurada dos dragões? Ninguem o sabe realmente, mas parece certo que esse tesouro que tão ferozmente protegem no fundo de sua gruta, nas misteriosas entranhas da Terra, é ainda mais precioso do que se poderia imaginar. E se os dragões fossem, de forma simbólica, os guardiães das nossas emoções mais secretas e dos nossos desejos mais escondidos?



O sopro dos dragões - Uma arma mortífera


"O sopro do dragão pode ser de fogo, de gelo ou de ácido. Com qualquer um deles pode acabar com os seus inimigos mais tenazes sem necessitar de recorrer à sua prodigiosa força física."

Entre as surpreendentes habilidades físicas dos dragões, o seu sopro mortal é, sem dúvida alguma, o que sempre espantou mais os especialistas. A extraordinária potência do seu sopro aumenta com a ferocidade do dragão, ao ponto de um simples e fatal sopro pode reduzir a cinzas povoações inteiras. Na sua forma mais conhecida, o sopro do dragão é um gás inflamável. No entanto, está documentado que outras espécies, talvez menos vulgares nas nossas latitudes, também podem expelir gelo ou ácido.

Aprendizagem progressiva


Um dragão jovem não consegue controlar o seu sopro mortal. É durante os anos de formação ao lado do progenitor que aprende os aspectos mais substis do seu manejo.
No início, as baforadas ardentes, geladas ou ácidas podem escapar-se sem querer e, embora não as controle, já têm a mesma força das de um espécime adulto. Este é um dos motivos pelos quais se desaconselha vivamente que se criem dragões sem ser com a presença de profissionais habilitados.



Espécies e seus sopros


Um sopro de fogo e chamas


Na Europa, a maioria dos dragões podem expelir fogo, mas esta habilidade é menos comum entre as espécies que habitam para lá dos nossos mares e quase desconhecida entre as orientais. Os dragões que expelem fogo possuem no interior das fossas nasais uma glândula ignífera que lhes permite inflamar o líquido combustível que armazenam no abdómen. Graças à rápida regeneração deste último, podem cuspir à vontade incríveis baforadas flamejantes, a uma temperatura de milhares de graus centígrados.


Paralisados pelo gelo


Os dragões que expelem gelo como é lógico mais numerosos nos climas polares, segregam nitrogênio no segundo estômago. Um órgão interno, cujo funcionamento ainda é pouco conhecido, arrefece o gás até atingir a temperatura de liquefação (-196 ºC). As presas que são atingidas pelo sopro de um destes dragões ficam de imediato petrificadas; o seu coração e todos os órgãos vitais deixam de funcionar num segundo.


A queimadura do ácido


Por último, há uma terceira espécie de dragões que segrega um potente ácido no estômago, capaz de furar as armaduras mais grossas e de queimar até à morte qualquer um dos seus inimigos. Se o ácido não atingir um órgão vital, em ocasiões excepcionais é possível sobreviver ao seu ataque, embora as partes do corpo afetadas fiquem corroídas. 


As cores dos dragões


"Azul, vermelho, verde, preto, branco ou dourado: A pele com escamas dos dragões revela o carácter do seu proprietário, o que é uma pista valiosa para quem tiver coragem de se aventurar no seu território..."

Embora a pele coberta de escamas dos dragões apresente uma vasta paleta de cores, estas podem agrupar-se em cinco tons principais: o branco, o azul, o vermelho, o verde, e o preto. Os dragões brancos são mais primitivos: encontram-se sobretudo nos climas frios, onde habitam em grutas geladas. Embora não costumem relacionar-se com os humanos, deve-se ter cuidado para não os provocar pois o seu bafo de gelo é mortal.


Dos desertos para os bosques


Os desertos escaldantes são o habitat dos dragões azuis, que cavam os seus esconderijos na areia. Hábeis feiticeiros, com frequência atacam com maldições o viajante que se coloca no seu encalço. Os dragões verdes dos bosques são, sem dúvida, os mais comuns e, apesar de serem os mais pequenos, não são necessariamente os menos perigosos. Estes monstros estão ligados à terra e dispõem de toda a magia deste elemento. Além disso, muitas vezes são belicosos e não hesitam em provocar os combates.



Um coração puro


O mais nobre dos dragões é o que tem as escamas, as asas, e a cabeça douradas. Sem a ferocidade e falsidade que se atribui a alguns dos seus congéneres, o dragão dourado é leal, sábio e pacífico. Feiticeiro poderoso, só utiliza os seus poderes para fazer o bem. É extremamente difícil ver o dragão dourado: só existe um no Mundo e vive afastado dos olhares dos humanos, que não souberam mostrar-se dignos dele. Apenas um cavaleiro com a alma absolutamente pura pode aspirar a conseguir velo.


Da selva para os pântanos


Na selva e nos pântanos é mais comum encontrar dragões pretos, cuja cor impede que sejam facilmente localizáveis. São excelentes nadadores e alimentam-se sobretudo de animais marinhos. Não interfem nos assuntos humanos mas não toleram as intrusões no seu território: nestes casos, não hesitam em atacar cuspindo baforadas de ácido sobre o seu adversário.

A crueldade do Dragão Vermelho





Por último, devem-se redobrar os cuidados quando se encontra um dragão vermelho pois é o mais terrível de todos. Hipócrita e imprevisível, apenas obedece à sua própria cobiça. Tradicionalmente vive nas cavernas profundas escavadas nas montanhas, onde amontoa as riquezas acumuladas ao longo dos séculos. Tão orgulhoso quanto inteligente, só sente desprezo pelos humanos, embora não desdenhe uma oportunidade para comer uma jovem virgem.



Anatomia Dragónica
"Quem nunca admirou as fabulosas viragens de um dragão em voo ou a força harmoniosa que revela em combate? É graças à sua estrutura anatómica que este ser magnífico pode mostrar estas proezas."

 Embora o dragão seja um animal muito inteligente, em primeiro lugar o que impressional é a sua compleição física. A sua força e agilidade fora do comum devem-se a duas vantagens anatómicas: um esqueleto robusto e bem articulado e uma musculatura vigorosa e versátil.
Assim, apesar do seu peso incrível e de uma grande envergadura, o dragão desfruta de uma espectacular flexibilidade e leveza de movimentos.


Classificação Anatómica

Os especialistas em anatomia costumam classificar os dragões em função do número de patas e das asas que possuem. Entre os dragões sem patas distinguem-se os que têm asas pequenas, que se denominam "Lindorms" ou "Lindwurms", e os que têm asas grandes, os "Amphipteres".
Os dragões com patas pode ser de tipo Wyvern (que possuem duas patas e duas asas), Draco occidentalis clássico (quatro patas e duas asas), ou Draco Asiaticus (quatro patas mas sem asas). Aqui abaixo temos um exemplo de cada:








Ossos adaptados ao voo

Elevar-se no ar exige um dispêndio de energia considerável. Por isso, como todos os outros seres que voam, o dragão tem de minimizar o seu peso e, tal como os das aves, os seus ossos são ocos. No entanto, estes são de uma solidez excepcional porque a sua resistência é reforçada por uma espessa rede de divisões internas; além disso, ao contrário dos ossos dos seres humanos, os do dragão não são compostos de cálcio mas de uma liga de boro e de silicato praticamente indestrutível.

O atleta do céu



O dragão também possui uma musculatura muito atlética, feita de uma tecido prateado brilhante muito denso e resistente. Além disso, algumas zonas vitais do seu corpo são particularmente musculadas. A cauda é a primeira, o que a torna, ao mesmo tempo, muito flexível e forte, por isso consegue servir de leme ao dragão durante o voo e também constitui uma arma temível em combate. O segundo ponto forte é a mandíbula, que tem uma musculatura tão poderosa que, enquanto voa, o dragão pode segurar entre os dentes o peso de um cavalo sem qualquer dificuldade. Por último, as patas traseiras são muito fortes para permitir o considerável esforço necessário para a descolagem. Em contrapartida, as asas do dragão, acionadas a partir dos ombros, quase não possuem músculos e funcionam fundamentalmente como grandes superfícies de sustentação.



Os poderes dos dragões
"Os dragões são criaturas com poderes impressionantes. O seu bafo flamejante e o encanto da sua voz melodiosa são apenas dois dos recursos com os quais estes temiveis predadores enganam suas presas."

Só por si, o tamanho e a força física dos dragões transformam-nos em rivais poderosos. Mas estas criaturas excepcionais dispõem de muitos outros recursos. Em geral, os sentidos dos dragões estão muitos mais desenvolvidos dos que os do homem. Por exemplo, a sua visão e audição são de uma agudeza excepcional e permitem-lhes detectar de imediato quando um intruso entra na sua gruta. Além disso têm uma grande intuição, uma espécie de sexto sentido defensivo, e a capacidade para avaliar o valor exato de qualquer objeto precioso; jóias, gemas, ouro, etc.

Um bafo devastador


A arma mais devastadora do dragão é, sem duvidas, o seu bafo de fogo. Quase sempre consegue deitar chamas - ou, o que é mais raro, gelo ou ácido - sobre os seus inimigos, com tanta força que pode assolar povoações inteiras. Outrora, este fogo fora do comum também lhe permitiu forjar armas e objetos mágicos.
Foram muitos os sábios que tentaram descobrir o mistério do fogo que os dragões cospem, mas a escassez de vestígios disponíveis para analizar faz com que se trate de uma tarefa árdua. Parece que essa capacidade provém de uma bolsa de gás situada no seu abdómen, perto do estômago, e de uma secreção muito inflamável produzida por umas glândulas que têm no nariz. Quando o dragão quer cuspir uma labareda, liberta o gás pelas fossas nasais e este inflama-se ao entrar em contato com a secreção das suas potentes glândulas.

Dominar os elementos


Além disso, o dragão é perito em magia. Os laços estreitos e de respeito que mantém com a natureza permitem-lhe dominar os elementos: pode provocar tormentas e tempestades sem esforço. Também é uma mestre na arte da ilusão, e consegue desaparecer na paisagem ou adotar uma aparência humana, embora isto exija um esforço considerável que o esgota rapidamente.

Uma voz embriagadora

A voz do dragão, sedutora e profunda, permite-lhe enfeitiçar as suas presas cantando ou, simplesmente, falando. Tem um efeito irresistível sobre os humanos, que não conseguem escapar à sua influência. Sob o encanto dos sussurros de um dragão pode-se esquecer facilmente a ameaça que este representa... E este predador terrível não terá escúpulos em aproveitar a ocasião para apanhar a sua vítima.


O Dragão Ocidental

"Considerado no passado uma criatura híbrida com atributos pouco precisos, atualmente o dragão tem uma forma bem definida: possui quatro patas com garras, duas asas poderosas, o dom de cuspir fogo e uma inteligência temível."

Os dragões ocidentais têm em geral quatro patas, duas asas, corpo de réptil e cauda comprida. A sua pele está coberta por uma autêntica cota de malha, formada por escamas mais duras que o aço, que reveste todo o corpo à exceção do ventre. De maneira a evitar que os seus adversários possam aproveitar esse ponto fraco, os dragões costumam ter uma couraça no ventre feita com pedras preciosas.

Uma criatura muito inteligente

O dragão tem um cérebro muito desenvolvido e possui uma inteligência notável. Como muitas vezes tem o dom da fala, gosta de submeter as suas presas a vários enigmas e promete-lhes a liberdade se os conseguirem resolver. Também possui uma grande capacidade de adaptação e de análise no combate, o que faz dele um inimigo terrível e imprevisível. O engenho do dragão também é o seu ponto fraco: geralmente exibe uma arrogância e vaidade desmedidas, e são muitos os casos de dragões vencidos graças à lisonja.

Chifres, presas e picos

Uma crista de protuberâncias afiadas percorre-lhes a coluna vertebral até à extremidade da cauda, que usam como um terrível chicote. Na cabeça têm uma quantidade variável de chifres e picos, e na boca enorme exibem uma ou várias fileiras de presas afiadas.
Além disso, na zona do estômago os dragões possuem uma bolsa de gás muito inflamável que lhes permite lançar autênticos jatos de fogo sobre os inimigos. Por este motivo, o seu hálito de enxofre é verdadeiramente pestilento e muito desagradável.

Um corpo adaptado para voar


As asas dos dragões são parecidas com as dos morcegos: são membranosas e estão dotadas de uma espécie de dedo que termina em garra, pois são o resultado da evolução de um terceiro par de patas. Graças à sua enorme envergadura e musculatura poderosa, estas asas permitem aos dragões voarem com facilidade. Além disso, para voarem melhor os dragões têm ossos ocos, embora de uma solidez a toda a prova.


O acasalamento dos dragões - Á conquista das fêmeas
"Encontrar uma fêmea de dragão e convencê-la a acasalar não é nada fácil para o dragão, e a grande escassez de fêmeas reserva este privilégio aos machos mais poderosos ou mais astutos."

O acasalamento do dragão é um espetaculo único ao qual poucos humanos conseguiram assistir. No entanto, ao longo dos anos alguns testemunhos permitiram reunir alguns conhecimentos sobre a corte e a reprodução deste ser excepcional. As fêmeas de dragão são tão raras que cada dragão macho acasalará, no melhor dos casos, seis ou sete vezes durante toda a sua existência. É por este motivo que as suas crias são alvo de todas as atenções.
A extrema escassez de fêmeas de dragão permite-lhes gozar de uma posição muito privilegiada na sua comunidade. Mimadas com todas as atenções por parte do pai, as pequenas crias desfrutam de um grande respeito desde que eclodem e durante toda a vida. Costumam crescer na companhia de outras jovens fêmeas até atingirem a idade de se reproduzirem. Infelizmente, a sua raridade e a deferência com que são tratadas fazem com que a maior parte das fêmeas de dragão desenvolva um carácter altivo e insensível.

O ovo do dragão


Como todos os répteis, os dragões são ovíparos. Os ovos do dragão são maiores do que o normal e estão cobertos por uma casca muito resistente que parece de pedra. O seu tamanho varia conforme as espécies e costuma ser da mesma cor que as escamas dos dragões que os conceberam. Cada fêmea fecundada apenas põe um ovo, que a seguir é incubado pelo pai durante um período de dois a cinco anos. O ovo de dragão chinês é uma exceção pois, sendo o resultado da mistura dos bafos do pai e da mãe, demora mil anos a eclodir.


O torneio dos pretendentes


É no céu que os dragões alados se entregam à sua dança nupcial, um verdadeiro combate pelos favores de uma fêmea. Quando esta se eleva em voo, não tarda muito a ver-se rodeada por uma nuvem de pretendentes. Há quem afirme ter visto centenas de machos a voar em redor de uma única fêmea. Depois de um confronto sem piedade entre eles, o vencedor une-se à sua amada ainda no ar.
Os dragões marinhos têm um ritual semelhante mas sob a superfície das águas. A fêmea que está pronta para acasalar deita-se no leito de algas e emite um suave brilho colorido. Os machos, excitados por este convite luminoso, reúnem-se muito próximo e iniciam um verdadeiro baile submarino no qual, assim que tentam aproximar-se da fêmea, ela foge para as profundezas. Apenas o mais rápido e o mais hábil conseguirá aproximar-se o suficiente para consumar a união.

Linhagens de machos

Imediatamente depois do acasalamento, a fêmea entrega o ovo fecundado ao dragão macho, que a partir desse momento se ocupará dele. Com efeito, tradicionalmente a sociedade dos dragões apenas reconhece o pai, e as crias não são consideradas descendentes de uma fêmea em concreto. Assim, para garantir a sua sobrevivência é o macho que tem de incubar o ovo e aquecê-lo com o seu bafo até eclodir.


As doenças do dragão - Quando o gigante fraqueja

"Apesar da sua força física e resistência fora do comum, os dragões também acabam por ter de enfrentar um inimigo tão imprevisível como a doença, uma fatalidade que vezes é difícil de superar..."

O dragão é um animal forte que, em geral, goza de uma saúde de ferro. No entanto, como qualquer criatura, por vezes fica doente e nesse caso é normal que morra por não ter os cuidados necessários. Quando um dragão está a sofrer percebe-se facilmente: as suas escamas perdem o brilho e sua bonita cor transforma-se em cinzento pálido, os olhos ficam com um brilho amarelado e o bafo ígneo reduz-se a um tímido fio de fumo preto.
Enquanto os poucos dragões domesticados têm, com frequência, cuidados em caso de doença, os seus congéneres selvagens, infinitamente mais numerosos, precisam de se tratar a si próprios. É por isso que conhecer as virtudes das plantas medicinais é fundamental para eles: qualquer dragão sabe, desde a mais tenra idade, que os cataplasmas de Aloe abyssinica acalmam as queimaduras, a aplicação de folhas de consolda evita as infecções, a espiréia branca alivia as dores e uma decocção de Amanita caesarea ajuda a cicatrizar feridas.

Acidentes e feridas


Mais frequentes do que as doenças são as feridas a que o dragão está exposto durante um combate ou a caça. Ossos partidos, escamas arrancadas, asas lesionadas e arranhões no ventre são acidentes vulgares que todos os dragões sofrem em várias ocasiões ao longo da sua prolongada existência. Durante o voo também enfrentam a ameaça das queimaduras causadas pelos raios, que são especialmente perigosos para os dragões  de metal, cuja pele condutora atrai os relâmpagos. Embora os dragões evitem voar aquando de uma tempestade, quando esta ocorre inesperadamente durante o trajeto é difícil de evitar.

O fogo, a pele e os ossos

A maior parte das doenças que podem afetar o dragão são específicas, ou seja, nenhuma outra espécie as tem. A mais comuns classificam-se em três categorias: as doenças respiratórias, as doenças da pele e as doenças dos ossos. Entre as primeiras destacam-se a bronquite draconiforme, que costuma afetar os dragões mais jovens. Por si só, esta doença é benigna mais impede que o dragão doente cuspa fogo, o que o torna mais frágil perante os seus inimigos.
As dermatites dragonicas acontecem também, a pele dos dragões é muito sensível: coberta de escamas grossas, respira pouco e infecta com facilidade. Assim, é frequente aparecerem bolhas que se podem transformar em feridas ou em irritações acompanhadas por uma grande descamação. A aplicação de loções desinfectantes ou de plantas com propriedades semelhantes permite recuperar muito rapidamente a pele sã, aspecto que um dragão nunca descuida.
Por ultimo, os ossos dos dragões são surpreendentemente frágeis. Com efeito, a alimentação destes enormes carnívoros é normalmente pobre em cálcio e a resistência do seu esqueleto é afetada por esse fato. Se não receber os cuidados necessários, esta carência pode provocar deformações na coluna vertebral. Por outro lado, a cauda do dragão serve-lhe de leme durante o voo; caso esteja afetada, o dragão é incapaz de manter o equilíbrio no ar e fica tristemente condenado a passar o resto dos seus dias em terra.


A classificação dos dragões - Um desafio para a zoologia

"A grande variedade de dragões que habitam o nosso mundo proporciona um campo de estudo muito complexo para os estudiosos que tentam sistematizá-los. Até agora, nenhum critério de classificação goza de aprovação geral."

A família dos dragões agrupa espécies muito variadas, cada uma das quais possui características próprias. Ao longo dos séculos propuseram-se numerosos métodos para classificar estas criaturas majestosas e míticas, seja pela cor das escamas, pelo meio natural em que vivem, pela origem geográfica, etc. Como não existe consenso, hoje em dia estas diferentes classificações coexistem entre os estudiosos.
Mas, seria o dragão um réptil?
O seu corpo, por vezes semelhante ao de uma serpente ou de um crocodilo, está coberto de escamas e os olhos têm a pupila dividida, o que levou muitos investigadores a incluírem o dragão no grupo dos répteis. Contudo, hoje em dia esta classificação é posta em causa porque, ao contrário dos répteis modernos, que têm sangue frio, os dragões têm sangue quente. Segundo os últimos estudos, os dragões e os répteis talvez possuam antepassados comuns, mas os primeiros constituiriam um grupo à parte, a meio caminho entre répteis e aves.

Sistemas imperfeitos

Esta divisão cromática reduz a primeira classificação e é impossível sobrepô-las porque existem, por exemplo, dragões verdes tanto aquáticos como terrestres. Além disso, alguns dragões não podem ser incluídos em qualquer das categorias, como os minúsculos dragões fada ou os evanescentes dragões de nevoeiro. Talvez no futuro a análise do ADN <<dragonico>> permita finalmente chegar a um sistema indiscutível que ponha todos os especialistas de acordo.


A voz do dragão - Uma arma temível

"A grande inteligência do dragão manisfesta-se no seu gosto exacerbado por todas as artes da linguagem: conversa, canto, enigmas ou poesia são talentos que utiliza sem escrúpulos contra os seus adversários."

Quando o dragão entreabre a sua boca feroz e deixa a vislumbrar alguns dentes afiados, nem sempre é para devorar o seu adversário. Também pode montar a cilada mais terrível trauteando uma melodia suave. As características mais surpreendentes destes nobres seres são a sua voz doce, que contrasta muito com a sua aparência, e a paixão pelos jogos de linguagem, que utilizam como arma.
Grandes amantes dos enigmas os dragões inventam sem cessar novas adivinhas, qual delas a mais tortuosa. Entre os grandes clássicos que custaram a vida a mais de um aventureiro encontra-se o seguinte:


"Rodeado de um mármore tão branco como o leite, Envolto numa pele de seda, No coração de uma fonte cristalina, A minha maçã de ouro aparece, A minha fortaleza não tem portas, E no entanto os ladrões conseguiram apoderar-se do meu ouro, Quem sou?"

A resposta é tão simples quanto o enigma é complicado: trata-se de um ovo.

Fascínio perigoso

Os dragões são mestres na arte da conversação mas também na do canto, poesia e enigmas. A música é um dos seus passatempos favoritos e não é de estranhar que raptem um instrumentista virtuoso para passar as tarde, e frequentemente acompanham a sua música com o seu profundo e delicado timbre de barítono. Também podem usar a voz para hipnotizar um adversário: se alguém se deixar levar escutando um dragão, é muito difícil escapar à influência das suas palavras a menos que este assim o decida.

Adivinhar ou morrer

Como jogadores cruéis, os dragões gostam de submeter as vítimas que capturam a diferentes provas e enigmas: muitas vezes prometem-lhes que lhes pouparão a vida se conseguirem responder corretamente. Infelizmente, as suas adivinhas são muito complexas e o pobre cativo aterrorizado raramente consegue ter o sangue-frio suficiente para resolver o mistério. Deste modo, é quase inevitável que termine no estômago do seu torturador.

Salvo pela conversa

Em contrapartida, talvez o prisioneiro consiga escapar à morte se demonstrar ser suficientemente bom conversador: os dragões sentem um certo respeito por quem domina a arte do discurso e raciocina de forma inteligente. Os dragões estão sempre dispostos a um duelo verbal e, se se sentem vencidos no jogo da retórica, serão sem dúvida bons perdedores e libertarão as suas vítimas.